sábado, 11 de outubro de 2008

Sobre a crise do capitalismo atual - Um texto do teólogo Richard Shaull - Logo após o atentado de 11 de setembro de 2001 - suas causas:

A arrogância da vanglória militar, econômica e tecnológica dos Estados Unidos e sua crise. A necessidade de uma nova forma de comuidade cristã que não compartilhe dos ideais triunfalistas, mas crie condições de plenitude de vida para dentro e para fora, superando a exploração e a opressão no mundo.

Martim Luther King
'Eu tenho um sonho...Livres a final, livres afinal, obrigado Deus Todo Poderoso, nós somos livres afinal..."




Assim disse Iahveh:
Que o sábio não se glorie de sua sabedoria,
que o valente não se glorie de sua valentia,
que o rico não se glorie de sua riqueza!
Mas aquele que quer gloriar-se glorie-se disso:
Que ele tenha inteligência e me conheça,
por que eu sou Iahveh que pratico o amor,
o direito e a justiça na terra.
Por que é disto que eu gosto,
oráculo de Iahveh!

Jeremias 9: 22-23


O teólogo norte americano Richard Shaull, logo após o atentado as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001 escreve:

O Profeta Jeremias viveu durante uma época na qual o povo de Israel - convencido durante séculos de que Deus os havia escolhido para uma grande missão no mundo - sofria uma derrota irreversível. E eis o que diz Jeremias sobre a ação de Deus naqueles eventos:

Temos nos vangloriado de nossa sapiência(tecnologia e cultura) - Confiamos na superioridade de nosso domínio na cultura ocidental, nossa pátria olha a distância para outros. Não hesitamos em impor nossa cultura a outros povos, ignorando o que sua próprias culturas podem dizer para nós.

Temos nos vangloriado de nosso poder - Os Estados Unidos têm exercido o seu poder político e militar sobre países pobres e fracos - frequentemente para seu próprio benefício em detrimento de outros. Temos estabelecido hegemonia no mundo, atuando em questões que afetam todos os povos, rejeitando tratados internacionais, como o de Kyoto, incrivelmente discordamos das nações unidas nos posicionando a favor de armas biológicas. E por que não? por que somos a nação mais poderosa do mundo.

Temos nos vangloriado de nossas riquezas - No uso de sua abundância e poder material, os Estados Unidos criaram uma ordem econômica mundial que produz opulência justamente para uma fração do Povo de Deus. Desta forma 20% da população mundial possuem 8% dos bens materiais do planeta. Dito de outro modo, 20% da população mundial(nós basicamente), vivem em segurança, enquanto 80% vivem em situação de risco. Enquanto centenas de milhões de mulheres, homens e crianças vêem aumentar sua pobreza e marginalidae a cada ano, nós continuamos a desenvolver crescentes e spfisticadas tecnologias para aumentar nossa segurança e economia em escala mundial...


O texto possui poderosa mensagem para nós e para nossa pátria (EUA). Declara que a vida não pode ser encontrada no vangloreio de nossa sabedoria, poder ou riquezas, mas a submissão à vontade de Deus, cujo infalível amor está promovendo justiça e integridade no mundo...como cristãos e como nação devemos diregir nossa sabedoria, nosso poder e nossa riqueza para o cultivo de um amor infalível, para a justiça e a integridade em nossa sociedade global.
Se esta é uma indicação do que Deus está fazendo, crises como a de 11 de setembro(e agora a econômica), podemse transformar em momentos de revelação, oferecendo-nos a possibilidade de vislumbrar e participar da criação de um novo futuro - que não percebemos antes.
...Nós, na América do Norte, temos nos contentado em desenvolver em nosso benefício e até os seus limites um sistema econômico que produz riqueza para nós – que somos uma mui pequena proporção dos povos criados por Deus – e que desenvolve as mais avançadas tecnologias para nos enriquecer ainda mais a nós mesmos e aumentar o nosso poder. Temos feito muito para pouco transformar esta ordem e servir às mais urgentes necessidades de centenas de milhões de povos pobres e excluídos.

Temos nos permitido apoiar uma política externa que pouco tem feito para contrapor a agressão dos poderosos contra suas vítimas. Muito freqüentemente usamos também nosso poderio militar e econômico para sustentar aqueles que exploram o seu povo e solapam os esforços dos que lutam em prol da justiça.
Precisamos reconhecer que nossos tremendos desenvolvimentos tecnológicos nos trouxeram a um ponto tal em que uns poucos homens, prontos a morrer por sua causa, podem fazer com que nossa mais recente tecnologia se volte contra si mesma. O potencial que esta possui para a destruição é quase ilimitado. Como uma nação e como um povo, somos agora vulneráveis. Todo o nosso poderio militar e nosso poder econômico não podem mudar isto.

Podemos responder dedicando ainda mais de nossas energias e de nossa riqueza àquelas coisas que nos falharam e que continuarão a fazê-lo. Podemos, perante nossa vulnerabilidade e insegurança, dar lugar ao desespero sem qualquer esperança para o futuro. Ou, podemos ousar crer que nisto, e por meio disto tudo, Deus está presente, oferecendo-nos a possibilidade de criar um novo futuro.

Tomar parte nisso exige uma conversão radical.

Uma decisão de dedicar nossas energias – com uma paixão comparável à dos bombardeadores suicidas – à descoberta de como usar nossa riqueza material, nossa inteligência e nossos avanços tecnológicos para responder ao desesperado sofrimento dos povos dominados e abandonados. Caso contrário, podemos estar certos de que o crescente número dos que não vêem esperança de mudança atacarão enraivecidos, nova e freqüentemente, os que têm a riqueza e o poder...

Vejo nos Estados Unidos, tanto nos seus líderes com na maioria dos cidadãos, a continuidade do orgulho de sua sabedoria, sua força, suas riquezas. E seguir por esta trilha, creio, apenas prolongará a desintegração social - e nos levará a uma contínua espiral de violência.

Para que isto não aconteça, acredito que seria necessária uma nova forma de comunidade cristã, na qual se cultive e se viva sob o poder do Espírito; e onde homens e mulheres se comprometam a conservar viva a esperança e a tornar visíveis as possibilidades de transformação da sociedade. Por sua vida comunal interior, e seu trabalho no mundo, esses novos cristãos darão testemunho de sua visão de futuro, levando a nação, finalmente, a criar condições de plenitude de vida para dentro e para fora, superando a exploração e a opressão mo mundo.

Richard Shaull
Fevereiro de 2002


Que o Poder da Verdade vença a verdade do poder, sempre.


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